Em sua coluna no jornal O Globo e no seu perfil no Instagram, o jornalista Nelson Motta tornou público estar utilizando microdoses regulares de psilocibina (princípio ativo dos cogumelos popularmente chamados de mágicos).
“Há algum tempo venho me interessando sobre o novo mundo dos cogumelos e da psilocibina, por suas evidências científicas e possibilidades terapêuticas, de expansão da consciência, de integração com a natureza, de superação de dores e doenças, e de encontros com suas verdades mais profundas, como conexão espiritual (não religiosa) com o mistério da vida e da morte”, escreveu o jornalista.
Motta cita duas séries “How to change your mind” e “Fantastic Mushrooms” (disponíveis na Netflix) que, segundo ele, o ajudaram a compreender a complexidade e a simplicidade dos cogumelos psicodélicos.
“Suas utilidades são tantas que foram chamados de ‘mágicos’, embora não façam milagres, não deem bondade, inteligência ou talento a quem não tem.”
O jornalista chamou a atenção para a importância do uso responsável dessas substâncias. “É preciso falar com muito cuidado, não vulgarizar nem superficializar o assunto, ouvir médicos e cientistas”. Ele começou a usar por orientação de sua médica.
Motta defendeu também a liberdade dos psicodélicos – proibidos e perseguidos desde 1970. Segundo ele, é necessário “evitar que as forças da ignorância e do preconceito atrasem a nossa vida proibindo, ou ‘regulando’, os cogumelos em nome da moral, da família, e da pátria.”
“Todo cuidado é pouco com a paixão nacional pelo atraso e o obscurantismo a obsessão em mandar na vida das pessoas”, alertou o jornalista.
Vale lembrar que, apesar das evidências cientificas, a circulação e o comércio da psilocibina ainda ocorre de maneira ilegal. O uso atualmente só é autorizado em contexto de pesquisas.
No Brasil, pelo menos dois estudos estão em desenvolvimento, na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e no Instituto Alma Viva em parceria com o Certbio (Laboratório de Avaliação e Desenvolvimento de Biomateriais do Nordeste) da UFCG (Universidade Federal de Campina Grande.