Por causa do crescimento do uso ritual da ayahuasca, pesquisadores decidiram avaliar a relação entre risco e benefício desse consumo. Os resultados desse estudo sobre os efeitos adversos da bebida amazônica foram publicados no último dia 16 na revista científica Plos – Global Public Health.
Os pesquisadores utilizaram os dados coletados entre 2017 e 2019 da Pesquisa Global Ayahuasca, estudo online que contou com mais de 10 mil participantes de mais de 50 países, incluindo o Brasil. De acordo com o artigo, os efeitos físicos adversos estão mais relacionados com as pessoas que já apresentam transtorno por uso de substâncias, condições de saúde física e uso em contextos não supervisionados, em comparação com o ambiente religioso, que traz mais segurança.
Vômitos, náuseas e diarreias foram os principais efeitos físicos adversos relatados, cerca de 62% dos respondentes, processo conhecido como “limpeza” e considerado parte necessária da experiência com o chá no meio ayahuasqueiro.
Já com relação aos efeitos adversos à saúde mental, algumas pessoas citaram nervosismo, ansiedade, além de “ouvir ou ver coisas que outros não ouvem ou vêem, distorções visuais e sentir-se atacado pelo mundo espiritual”.
O artigo também ressalta que apesar dos testes clínicos já realizados apontarem os benefícios médicos e psicológicos do uso da ayahuasca, ainda faltam estudos que avaliem os efeitos adversos imediatos ou de médio prazo.
Vale destacar ainda que existem composições diferentes da ayahuasca no mundo todo, com outras plantas além das tradicionais, a chacrona (Psychotria viridis) e o cipó jagube (Banisteriopsis caapi), dificultando a análise dos efeitos adversos.
Assim como foi citado no estudo, também é importante dizer que esses efeitos não são graves e se dissipam após algumas horas da ingestão.
Entre os pesquisadores que assinam o artigo, estão José Carlos Bouso, Emérita Sátiro Opaleye, Violeta Schubert e o psiquiatra brasileiro, Luís Fernando Tófoli (@tofoli) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).