A partir de julho, na Austrália, psiquiatras autorizados poderão prescrever os psicodélicos MDMA e psilocibina para transtorno de estresse pós-traumático e depressão grave. Segundo informou o jornal The Guardian, o anúncio “surpresa” foi feito hoje pela Therapeutic Goods Administration, equivalente australiana da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Em comunicado, o órgão regulador explicou que “estas são as únicas condições em que atualmente existem evidências suficientes para benefícios potenciais em certos pacientes”.
Com a decisão, a Austrália se tornou “o primeiro país do mundo a reconhecer oficialmente o MDMA e a psilocibina como medicamentos”, disse ao The Guardian, o professor Stephen Bright, diretor de Pesquisa Psicodélica em Ciência e Medicina da Universidade Edith Cowan, na Austrália Ocidental.
As drogas só poderão ser usadas de forma muito limitada e permanecerão proibidas de outra forma, mas a mudança foi descrita como um “passo muito bem-vindo para se afastar de décadas de demonização”, declarou ao jornal o médico David Caldicott, professor da Universidade Nacional Australiana.
O MDMA (ou metilenodioximetanfetamina) está próxima de ser autorizada também nos Estados Unidos para uso em psicoterapia para o tratamento de traumas. Um estudo da Maps, que se encontra na Fase 3, última etapa de testes para aprovação de um novo medicamento, espera a aprovação nos EUA para o final de 2023.
No Brasil, o Instituto Phaneros, liderado pelo neurocientista Eduardo Schenberg, já realizou um primeiro ensaio clínico com MDMA e informou ter obtido autorização para outros protocolos de pesquisa também com psilocibina, mas que ainda não foram iniciadas. A Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e o Instituto Alma Viva também anunciaram recentemente que iniciarão pesquisas clínicas com psilocibina.
A psilocibina, princípio ativo dos cogumelos psicodélicos (da espécie Psilocybe cubensis), já apresentou resultados positivos em estudos de Fase 2 para depressão, entre eles um estudo controlado realizado pela prestigiada Imperial College, de Londres.