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Austrália autoriza uso médico de psicodélicos

MDMA e psilocibina poderão ser utilizados em tratamento de transtornos mentais, com a decisão, o país se tornou o primeiro do mundo a reconhecer oficialmente esses psicodélicos como medicamentos

Carlos Minuano, para a Psicodelicamente

Foto: Ilustração de Raphael Egel @liveenlightenment

A partir de julho, na Austrália, psiquiatras autorizados poderão prescrever os psicodélicos MDMA e psilocibina para transtorno de estresse pós-traumático e depressão grave. Segundo informou o jornal The Guardian, o anúncio “surpresa” foi feito hoje pela Therapeutic Goods Administration, equivalente australiana da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Em comunicado, o órgão regulador explicou que “estas são as únicas condições em que atualmente existem evidências suficientes para benefícios potenciais em certos pacientes”.

Com a decisão, a Austrália  se tornou “o primeiro país do mundo a reconhecer oficialmente o MDMA e a psilocibina como medicamentos”, disse ao The Guardian, o professor Stephen Bright, diretor de Pesquisa Psicodélica em Ciência e Medicina da Universidade Edith Cowan, na Austrália Ocidental.

As drogas só poderão ser usadas de forma muito limitada e permanecerão proibidas de outra forma, mas a mudança foi descrita como um “passo muito bem-vindo para se afastar de décadas de demonização”, declarou ao jornal o médico David Caldicott, professor da Universidade Nacional Australiana.

O MDMA (ou metilenodioximetanfetamina) está próxima de ser autorizada também nos Estados Unidos para uso em psicoterapia para o tratamento de traumas. Um estudo da Maps, que se encontra na Fase 3, última etapa de testes para aprovação de um novo medicamento, espera a aprovação nos EUA para o final de 2023.

No Brasil, o Instituto Phaneros, liderado pelo neurocientista Eduardo Schenberg, já realizou um primeiro ensaio clínico com MDMA e informou ter obtido autorização para outros protocolos de pesquisa também com psilocibina, mas que ainda não foram iniciadas. A Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e o Instituto Alma Viva também anunciaram recentemente que iniciarão pesquisas clínicas com psilocibina.

A psilocibina, princípio ativo dos cogumelos psicodélicos (da espécie Psilocybe cubensis), já apresentou resultados positivos em estudos de Fase 2 para depressão, entre eles um estudo controlado realizado pela prestigiada Imperial College, de Londres.

Carlos Minuano

Jornalista e escritor, há mais de duas décadas escreve sobre psicodélicos nos principais veículos jornalísticos do país, como nas revistas CartaCapital, Rolling Stone, jornal Metro. É colaborador do portal UOL desde 2012. Além de dirigir a Psicodelicamente, atualmente trabalha na pesquisa para um livro sobre psicodélicos, que será publicado pela editora Elefante. É autor de duas biografias, “Tons de Clô” (do estilista Clodovil Hernandes) em adaptação para uma série de streaming, e “Raul por trás das canções” (do músico Raul Seixas), ambas publicadas pelo grupo editorial Record.

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