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“Ancestralidade é uma ponte para o futuro”, diz Daniel Munduruku

Escritor indígena, que vive pajé na novela das nove da Globo, diz que personagem representa continuidade de uma sabedoria muito antiga

Carlos Minuano, para a Psicodelicamente

Foto: Alice Venturi/Festival LED (Divulgação)

Um debate sobre ancestralidade com a participação do professor e escritor indígena Daniel Munduruku (@danielmundurukuoficial) abriu a segunda edição do Festival LED – Luz na Educação, realizado pela Globo e Fundação Roberto Marinho, que teve início nesta sexta, 16, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. 

O painel “Trajetórias ancestrais: como o passado pode guiar futuros plurais?” teve também as presenças da escritora Ana Maria Gonçalves, do ator Lázaro Ramos e mediação de Luciano Huck. 

“Finalmente descobriram minha beleza”, brincou o professor indígena sobre seu papel como pajé na novela das nove “Terra e Paixão” da TV Globo. 

O indígena contou que foi convidado pelo autor Walcyr Carrasco para fazer curadoria, só depois veio o convite também para fazer o papel do pajé. “Meu personagem educa o olhar da sociedade sobre a ancestralidade”. 

Segundo Munduruku, o curandeiro indígena que vive na trama do folhetim da Globo representa a continuidade de uma sabedoria muito antiga, mas ele reforça que o verdadeiro mestre é a terra e a natureza.

Esses saberes antigos são como uma ponte para o futuro, disse o indígena. “A aranha constrói a teia a partir de um único fio, a ancestralidade é como esse fio.”

Munduruku afirmou que o Brasil precisa tecer essa teia. E o caminho para isso, segundo ele, é construir uma pedagogia inspirada em saberes tradicionais. “Isso gera pertencimento.”

“Precisamos de uma pedagogia do pertencimento, pensar no Brasil grande, uma teia da qual faço parte, seja do povo indígena, africano ou europeu. Somos um povo que precisa construir sua ancestralidade e a autoestima das nossas crianças, e não negar aquilo que somos”, defendeu o professor indígena. 

Munduruku finalizou dizendo que muitos jovens não gostam de ser brasileiros, porque olham para trás e só enxergam indígenas e negros. “Foi incutido na cabeça deles que legal é ser o outro, e não nós mesmos”. 

Com uma extensa programação, o Festival LED aconteceu no Museu do Amanhã e no MAR (Museu de Arte do Rio), no Rio de Janeiro.

O repórter viajou ao Rio de Janeiro a convite da Globo.

Carlos Minuano

Jornalista e escritor, há mais de duas décadas escreve sobre psicodélicos nos principais veículos jornalísticos do país, como nas revistas CartaCapital, Rolling Stone, jornal Metro. É colaborador do portal UOL desde 2012. Além de dirigir a Psicodelicamente, atualmente trabalha na pesquisa para um livro sobre psicodélicos, que será publicado pela editora Elefante. É autor de duas biografias, “Tons de Clô” (do estilista Clodovil Hernandes) em adaptação para uma série de streaming, e “Raul por trás das canções” (do músico Raul Seixas), ambas publicadas pelo grupo editorial Record.

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