O uso de psicodélicos parece estar ligado a “perspectivas não-conformistas e ideação conspiratória”, de acordo com um novo estudo publicado na revista Scientific Reports.
Os pesquisadores do Instituto Karolinska da Suécia pesquisaram as crenças de mais de 200 participantes, segundo informou a newsletter “The Microdose” do Centro para a Ciência dos Psicodélicos da Universidade da Califórnia em Berkeley.
De acordo com a pesquisa, as pessoas que relataram o uso de psicodélicos obtiveram pontuações mais altas do que aquelas que não o fizeram.
No questionário de mentalidade conspiratória, os participantes avaliaram declarações como “acho que as agências governamentais monitoram de perto todos os cidadãos” e “acho que existem organizações secretas que influenciam muito decisões políticas”.
O consumo de álcool, por outro lado, foi negativamente relacionado com crenças neste tipo de pontos de vista.
Os autores observam que pontuações mais altas no questionário de mentalidade conspiratória não indicam necessariamente níveis patológicos de crença conspiratória. Mas, em vez disso, poderiam refletir o ceticismo ou o que chamam de “mentalidade não-conformista”.
Algumas afirmações da pesquisa, como “penso que os políticos normalmente não nos dizem os verdadeiros motivos das suas decisões”, pareceram aos editores do “The Microdose” bastante certeiras. “Pelo menos para aqueles que vivem no contexto da política dos EUA”, comentaram.
E os autores do estudo também alertam para uma conclusão precipitada e equivocada de que as crenças conspiratórias são o resultado direto do uso de drogas psicodélicas.
Podem haver outros efeitos mediadores, escrevem eles, incluindo a “alienação social e ostracismo” dos psiconautas resultante do estigma em torno do consumo de drogas.
Impactos em aspectos psicológicos
O estudo liderado pelo pesquisador Alexander Lebedev ressalta as evidências de vários ensaios clínicos que demonstram a utilidade medicinal dos psicodélicos.
O artigo destaca tratamentos potenciais para uma variedade de condições psiquiátricas, incluindo transtorno de estresse pós-traumático, depressão, ansiedade e vícios.
Mas os autores da pesquisa chamam a atenção para a escassez de dados relacionados a possíveis efeitos adversos, como o impacto dos psicodélicos em diversos aspectos psicológicos, que segundo eles não foi ainda estudado mais profundamente.
“Poucos estudos investigaram como estas substâncias podem influenciar os sistemas de crenças dos indivíduos”, argumentam os autores da pesquisa.
*(Com informações da newsletter “The Microdose” do Centro para a Ciência dos Psicodélicos da Universidade da Califórnia em Berkeley)